A rica cultura tribal e a espetacular diversidade geográfica fazem do Quênia um dos países mais impressionantes da África. Com mais de 40 milhões de habitantes, tem mais de 40 etnias e cerca de 70 dialetos diferentes. Mas, fique calmo: graças à colonização britânica, o inglês é uma das línguas oficiais de lá, junto com o suaíli.
As paisagens naturais e a vida selvagem são famosas, atraindo cerca de 1,8 milhões de turistas por ano, que visitam os mais de 60 parques nacionais espalhados pelo país em busca de aventura. A proximidade no contato com a natureza e suas cênicas savanas, deixa qualquer um magnetizado.
A porta de entrada para o Quênia é a cidade de Nairóbi. A capital é impactante, trânsito caótico, povo amável que apesar da pobreza com a qual convivem, recebem cada turista com um sorriso no rosto, orgulhosos de sua cultura e natureza exuberante.
Para começar a exótica experiência, visite o Parque Nacional de Nairóbi – o único parque ambiental próximo de um centro urbano. A área está a sete quilômetros da cidade e tem 117 km², abrigando diversas espécies de pássaros e animais selvagens como leões, zebras, girafas, rinocerontes e leopardos.
Iniciativas privadas e organizações não governamentais que buscam a preservação de animais selvagens são bem comuns no Quênia. E todo esse cuidado, propicia momentos emocionantes a quem o visita. Uma delas é conhecer o Giraffe Centre, um centro onde o foco é cuidar das girafas da espécie Rothschild (ou Girafa Baringo), encontradas apenas no Quênia e na Uganda, porém extinta em outros países do continente. Lá, é possível visitar, acariciar e alimentar os dóceis antílopes, um encanto só.
Outro centro que proporciona o contato dos visitantes com os animais é o David Sheldrick Wildlife Orphan Trust: um orfanato de filhotes de elefantes e rinocerontes. Pela manhã os responsáveis pelos bebês encontram o grupo de visitantes, oferecendo a chance de alimentá-los e de brincar com os animais. Esse passeio amolece qualquer coração. Ah, e não esqueça de ter sua câmera por perto!
E quem viaja ao Quênia esperando o típico território dos documentários deve ajustar a bússola para a reserva de Masai Mara, no sudoeste do país. Geralmente o trecho de Nairóbi até aqui é realizado em aviões de pequeno porte, o que te permitirá aproveitar bastante a visita.
Dentro e ao redor do parque estão os melhores e mais conhecidos lodges – acomodações em meio à savana. As possibilidades atendem a todos os gostos, indo do acampamento mais simples, com infraestrutura básica até hospedagens com mais conforto. São sempre uma ótima pedida para uma vivência muito mais interativa com o ambiente. Já imaginou a exclusividade de se hospedar em tendas no meio da savana, podendo ainda desfrutar de uma excelente gastronomia? Combinar todo o visual da região, com um excelente espumante? Puro deleite aos sentidos.
A reserva nacional de Mara – como se referem os locais – é palco de um dos eventos mais espetaculares da natureza: a Grande Migração. De junho a setembro, milhões de zebras e gnus (antílopes típicos da África) atravessam os quase três mil quilômetros da planície de Serengeti, na Tanzânia, até Masai Mara em busca de alimento e água.
Parte do trajeto dessa migração é a travessia do Rio Mara, um evento de proporções épicas. O rio é casa de muitos crocodilos, que ficam à espera dos gnus, zebras e antílopes. Assim como eles buscam opções melhores, os crocodilos também precisam se alimentar. Como tudo na natureza é incrivelmente orquestrado, os animais sabem dos riscos e relutam a atravessar o trecho, porém sabem também que a travessia é inevitável. O resultado? Os mais espertos e rápidos irão sobreviver.
É impressionante contemplar algo dessa magnitude. Nos faz refletir como os ciclos da natureza são emocionantes, com sua cadência milimetricamente perfeita. O fenômeno pode ser acompanhado com guias e empresas especializadas, com segurança de dentro dos carros, ou ainda com uma vista privilegiadíssima num vôo de balão.
O Quênia também é conhecido como Berço da Humanidade – título recebido de muitos antropólogos, devido a imensa quantidade de vestígios paleontológicos encontrados em seu solo. Para se ter uma ideia, parte dos lagos que compõe a região dos Grandes Lagos Africanos – conjunto de depressões resultantes da movimentação das placas tectônicas – foi formada há cerca de 35 milhões de anos atrás. Dá pra acreditar?
Essa região possui lagos que são considerados Patrimônios da Humanidade e que abrangem, além do Quênia, Etiópia, Tanzânia, Uganda, Ruanda, entre outros países da África. Um dos mais celebrados, é o Lago Bogoria. Isso porque ele reúne mais de 1,5 milhões de flamingos durante a baixa das águas, transformando tudo com o característico rosa dessas aves. O cenário é uma obra de arte, uma parada obrigatória.
Fã de esportes radicais? A escalada do Monte Quênia é para você. O segundo ponto mais alto do continente (o primeiro é o monte Kilimanjaro) tem 5.199 metros de altitude e proporciona uma visão única e impressionante do país e está localizado a 200 quilômetros de Nairóbi. Uma aventura e tanto, mas que exige considerável preparo.
Como foi dito, a diversidade de etnias no Quênia é enorme. Na parte norte do país, é possível conhecer algumas comunidades tradicionais. Uma delas é a dos Samburu, guerreiros considerados “primos” dos Maasai. Ambos têm a mesma origem e dividem algumas particularidades no idioma.
Esses guerreiros semi-nômades e pecuaristas, são reconhecidos pelo seu belíssimo visual colorido, adornado com colares de miçanga, penares e utensílios de batalha. As mulheres geralmente usam cabelo raspado o que forma um lindo contraste com seus colares coloridos.
Já na região sul do país, em terras semi-áridas vive o elegante e orgulhoso de suas tradições, povo Maasai (ou Masai). São reconhecidos por suas vestes quadriculadas, vermelhas e azuis. Usam o cabelo curto, as orelhas furadas e muitos colares. Sempre são vistos com cajados, utilizados em suas atividades pecuaristas.
Seus conhecimentos sobre a natureza e o valor que dão à terra são transmitidos aos mais jovens através de músicas, danças, narração de histórias e poesias. Seus costumes sociais podem não fazer tanto sentido ao nossos olhos, mas são fascinantes.
Ambas tribos, assim como as tantas outras, enfrentam dificuldades para manter suas tradições na configuração atual do mundo, embora o governo tenha começado a observar e tentar solucionar essa situação. É emocionante ver, mesmo com a dificuldade, o orgulho e o respeito que mantidos por eles, pela natureza e por seus rituais.
Para que você possa dimensionar o fascínio que esse país vai te causar, com suas planícies de tonalidade única, suas árvores compondo perfeitamente o visual, o impacto dos animais selvagens vivendo livremente, como deve ser e com seus guerreiros coloridos e adornados… lembre-se que já fascinaram ninguém menos que Ernest Hemingway. Sua passagem por lá e por outra regiões da África o marcaram tanto, que além de ter virado conteúdo de sua obra, ainda o fizeram redigir: “Não me lembro de ter tido uma manhã na África em que não acordasse feliz”. Quer indicação melhor que essa?