Viajar para a Índia é mergulhar num caldeirão repleto de cores.
É fazer uma imersão numa cultura totalmente diferente da nossa, sem pausas para tentar entender, apenas aceitar que você não será o mesmo depois dessa experiência.
Para onde quer que se olhe, a sensação é de arrebatamento: as roupas, a arquitetura, a culinária, os enfeites dos animais, as pessoas. Na Índia, nada é comedido.
Como se isso tudo já não fosse incrível, uma das maiores atrações é o seu povo.
Os indianos, além de serem lembrados por sua religiosidade, já se consagraram como um povo muito alegre, vívido e muito, mas muito hospitaleiro. Tratam os viajantes com muito respeito, admiração e são disponíveis como poucos. É interessante observar como eles conseguem driblar todo o caos e os contrastes presentes na Índia de forma única.
Toda essa diversidade cultural é consequência de sua história. Ao longo dos séculos, diversas civilizações passaram pelo território da Índia e participaram de sua colonização.
Um dos períodos que merece destaque foi a Dinastia Mughal, que reinou entre os séculos XVII e XIV e deixou suas marcas principalmente na arquitetura. Novamente aqui, a principal característica não é a moderação. A arquitetura desse período é muito sofisticada, luxuosa e imponente.
O Taj Mahal, localizado em Agra é dos mais belos exemplos dessa arquitetura. Foi erguido pelo imperador mughal Shah Jahan em homenagem à sua esposa favorita que morreu durante o trabalho de parto. Uma grandiosa prova de amor que recebeu o título de Patrimônio da Humanidade pela Unesco. O belíssimo prédio todo de mármore branco, ornado com pedras semipreciosas e fios de ouro, é um exemplo vivo da riqueza daquela época e é a construção mais visitada da Índia.
Outra grande influência desse período, foi a religião muçulmana. Inclusive hoje, em Nova Delhi e Agra, a maioria da população segue essa religião, o que explica o grande número de mesquitas espalhadas pelas cidades. É comum ver as mulheres andando nas ruas vestindo burcas, por exemplo.
A parte antiga de Delhi, é uma visita que não pode ficar de fora. Foi intencionalmente construída em becos estreitos, para dificultar as invasões. Mas hoje esse formato é um convite e tanto para uma caminhada ou passeio de auto-rickshaw (tuk tuk). Você pode visitar o Old Delhi Bazaar e mergulhar na verdadeira Índia. Se deixe levar pelos aromas das especiarias, pelas cores dos sáris e pelos sons dos instrumentos musicais.
Além de Delhi, o Rajasthan ou Rajastão (em português) também é repleto de marcas da época dos Mughóis. É conhecido como a Terra dos Marajás, pois mesmo com o fim da dinastia Mughal, os descendentes dos antigos reis herdaram a riqueza, certo poder e seus palácios majestosos. Em cada canto podemos nos deparar com construções magníficas. O conjunto arquitetônico guarda os mais belos exemplos de como era a vida naquela época.
Um destaque dessa região é o Diwali ou Festival de Luzes, que ocorre no primeiro dia do mês lunar, em nosso calendário cai entre outubro e novembro. Nesse dia as pessoas colocam muitas luzes na parte externa das casas, acendem velas, usam fogos de artifícios nas ruas, vestem roupas especiais e preparam pratos típicos para mostrar sua luminosidade interior e assim, espantar a escuridão dos maus espíritos. É uma celebração muito aguardada e festiva.
Cada pedacinho que compõe o Rajastão traz sua personalidade, vale a pena reservar um tempo para conhecer. E por enquanto, faremos um leve passeio por alguns deles:
É conhecida como a ‘Cidade Rosa’. A maioria das casas é pintada dessa cor e a tradição data de 1876, quando o príncipe do Reino Unido foi visitar a cidade e essa foi a forma dos indianos mostrarem sua hospitalidade. As moradias coloridas somam-se às cores das roupas, dos ornamentos dos animais e mostra como a vida da população é rodeada de alegria.
Em Jaipur está localizado o Palácio dos Ventos, construído pelo marajá Sawai, que mandou fazer mais de mil janelas na fachada para que suas várias esposas pudessem observar a rua sem serem vistas. As vias da cidade rosa têm um ritmo intenso, com carros, motos, tuk-tuks e pedestres aos milhares. E muitos vendedores locais oferecem toda sorte de produtos: comidas, roupas, objetos, souvenires – exibindo suas mercadorias nas calçadas e usando as paredes das casas para pendurar seus itens, ajudando assim a compor um visual inusitado.
É considerada a Veneza Oriental porque possui diversos lagos em seu entorno. O principal é o Pichola, onde foi construído o Jag Mandir Palace. É algo surreal vislumbrar esse palácio que parece flutuar sobre as águas, pois as paredes brancas são refletidas e reforçam ainda mais essa sensação. Nas proximidades do lago Pichola existem outros pontos turísticos, como o City Palace, o Jagdish Temple e o Museu Bharatiya Lok Kala.
Nas ruas de Udaipur existem pequenos comerciantes e o vai e vem de compradores deixa o cotidiano muito agitado. Na cidade, muitas famílias transformaram o terraço de suas residências em restaurantes que servem comidas típicas caseiras e deliciosas. A boa pedida é ficar à mesa, saborear uma bela refeição e contemplar o pôr do sol em um desses terraços-restaurante.
É a ‘Cidade Azul’ do Rajastão, porque as casinhas são todas pintadas dessa cor.
Neste caso, não por nenhum misticismo ou para deixar a cidade mais bonita. O motivo é bem mais prosaico: segundo os moradores, a cor azul espanta os mosquitos.
O Forte Mehrangarh é a construção mais imponente do lugar e fica sobre um platô rochoso que o deixa mais alto e protege toda a cidade. Foi construído em 1458 e de qualquer ponto em que se esteja, é possível ver a construção majestosa.
Para ver de perto como é a alma da vida local o melhor lugar a visitar é a Torre do Relógio, onde milhares de pessoas transitam de um lado para outro em suas ruas estreitas percorrendo as lojinhas abarrotadas de produtos, pechinchando e comprando.
Nessa cidade as paredes das casas confundem-se com o tom de areia do Deserto de Thar. Por isso, a cidade é chamada de ‘Cidade Dourada’. Jaisalmer também tem sua fortaleza e ao redor, a cidade antiga, ainda habitada. As ruas são estreitas e cheias de becos, com pequenos estabelecimentos funcionando e um povo receptivo que faz de tudo para agradar os viajantes.
Antigamente, era um ponto estratégico para o comércio de especiarias e parada obrigatória para as caravanas de camelos que cruzavam o Deserto de Thar. Atualmente os animais são utilizados apenas para atividades de lazer.
Se o Rajastão era a Terra dos Marajás Indianos, hoje em dia o território está bem mais democrático. Viajantes do mundo inteiro podem ser vistos andando pelas cidades para descobrir seus encantos, visitando seus palácios magníficos e entrando em contato com um passado exuberante e rico.
É uma experiência única. Cheia de contrastes, sabores, de contemplação, aprendizado e exemplos de que o mundo é sempre muito, mais muito maior do que imaginamos. Mas, por mais diferenças que existam, hospitalidade e gentileza sempre nos unem.