Com um território menor que o estado do Pará, a Bolívia é um país que guarda grandes contrastes naturais, veja só: possui um pedaço da floresta amazônica, existem desertos intermináveis, o maior lago de altitude do mundo, o Titicaca, vulcões e ainda conta com o altiplano andino, só para citar alguns.
Mas a atração mais espetacular de todos é o Salar de Uyuni. Nesse, a natureza caprichou criando um cenário único. Ele é resultado do que restou de um antigo lago pré-histórico que secou, sobrando apenas grossas camadas de sal que variam de 2 a 10 metros de espessura.
Toda área de 10.500km² foi assentada de maneira tão uniforme e nivelada que a diferença entre as extremidades não chega a um metro, praticamente imperceptível. Esse é o diferencial que faz o Salar de Uyuni criar um espetáculo incrível.
Em dezembro, no início do período das chuvas e quando as geleiras dos Andes começam a derreter, o Salar fica com uma fina camada de água empoçada. Essa lâmina úmida sobre o piso totalmente branco acaba se transformando em um imenso espelho que reflete as imagens que estão no Salar: as nuvens, o sol e até os pássaros. Caminhar na superfície parece magia devido ao reflexo.
O efeito espelhado fica mais sensacional ao se olhar para o horizonte e descobrir que o céu e solo do Salar de Uyuni se misturam criando uma ilusão de óptica que foge à compreensão. Não dá para perceber quando termina um e começa o outro.
Mesmo fora do período de chuvas, o deserto de sal se mostra muito belo. A área toda vira um grande espaço aberto totalmente branco e são formados desenhos geométricos por toda extensão, como se fosse um imenso tapete branco. Imagine-se andando nele e o infinito à sua frente, você se sente minúsculo diante da grandiosidade da natureza.
Outro espetáculo imperdível no início do período chuvoso ocorre na Lagoa Vermelha, próximo ao Salar de Uyuni. Três espécies de flamingos, o andino, o chileno e o de James, chegam para se alimentar das algas avermelhadas que dão cor ao lago.
Principalmente ave da espécie andina proporciona um ritual que se repete a cada ano. Com suas longas pernas, plumas vermelhas, o pescoço comprido e postura imponente, ela realiza um ritual inacreditável. Ao andar pelas águas da Lagoa Vermelha para remexer o solo, o grupo realiza uma espécie de balé. Centenas de flamingos se movimentam num sincronismo tão preciso que dá a impressão de que foram ensaiados exaustivamente.
Um pouco mais acima do Salar de Uyuni encontra-se a Lagoa Verde a 4.350 metros de altitude, aos pés do Vulcão Licancabur. O contraste das águas verdes do lago com o marrom das montanhas cria um cenário impactante. Andando um pouco mais, bem perto dali, você vai encontrar os gêiseres Sol da Manhã expelindo vapores quentes continuamente que vêm do interior do vulcão.
Para conhecer o Salar de Uyuni, você pode começar a viagem pelo Chile e fazer todo o trajeto partindo de San Pedro de Atacama, passando por Cañapa Camp, Chituca, Tahua Camp, Salar de Uyuni, Aravilla Camp e finalmente Iquique.
Pelo roteiro boliviano, a aventura se inicia em Tahua Camp e faz o traje inverso até terminar em San Pedro de Atacama. As duas rotas podem ser feitas de carro, de preferência um 4×4 e com motor potente, porque o terreno é um pouco acidentado. É uma oportunidade de apreciar toda a paisagem durante toda a viagem, conhecer povos nativos, e ir descobrindo como é a sua rotina, mesmo em um lugar tão inóspito para muitos.
Por estarem em uma cadeia de montanhas e próximos dos picos andinos, o Salar de Uyuni e os demais pontos de visitação apresentam temperaturas baixas. Mesmo no verão é bom levar roupas para se proteger contra o frio para os passeios serem mais confortáveis.
O Deserto de Sal de Uyuni, na Bolívia, é um daqueles lugares especiais que oferecem eventos naturais e exclusivos. Entrar em contato com esse lugar mágico vai marcar sua memória para sempre. Se o seu espírito for de aventura intensa e surpreendentes acontecimentos, você precisa conhecer.
Todas as fotos: explora