Se você quer fugir dos destinos mais óbvios da Europa, mas ainda assim mergulhar em um lugar que respira cultura e história, São Petersburgo é o seu destino perfeito. A cidade, que já foi a capital russa e teve outros dois nomes diferentes, é uma verdadeira representação de todo o luxo e glamour dos czares que dominavam a região.
Os czares e todo seu legado histórico
Durante a Primeira Guerra Mundial, seu nome foi mudado para Petrogrado, pois, como a Rússia estava em guerra com a Alemanha, o governo do país queria eliminar qualquer referência que viesse do inimigo, no caso a terminação burg (que significa povoado).
Em 1924, com a ascensão de Lenin, a cidade foi rebatizada para Leningrado. Em 1991, em uma consulta pública, a população optou pela volta do nome São Petersburgo, que homenageia o Imperador Pedro, o Grande, que idealizou a construção da cidade em 1703.
Enquanto o nome passou por uma série de mudanças, uma coisa sempre foi constante: a dramática família de czares. A dinastia não apenas foi protagonista de uma série de escândalos, como também fazia questão de ostentar toda a opulência e riqueza de quem governava um império com quase 20 milhões de quilômetros quadrados.
A história da família e do país está retratada em toda a cidade. Os museus e palácios são riquíssimos em detalhes, proporcionais ao poder, e muito bom gosto. Um lindo exemplo é a Catedral do Sangue Derramado, a edificação mais conhecida da cidade.
O que antes era uma igreja agora é um museu, que, mesmo de longe, já exala toda a pompa e circunstância de seu legado.
A arte russa
Passar por São Petersburgo sem visitar o Palácio de Inverno é imperdoável. O lugar, que faz parte do Hermitage – maior museu de arte do país e terceiro do mundo, ficando atrás apenas do Louvre em Paris e do National Gallery em Londres – abriga as mais rebuscadas obras da arte russas. Ele é tão grande que, se você ficar 1 minuto olhando cada peça, levará 11 anos para conhecer tudo. É um cálculo que espanta!
O acervo fica abrigado em um complexo de edificações. Além do Palácio de Inverno (que foi residência oficial dos czares russos), o museu é composto pelo Pequeno Hermitage – construído por Catarina, a Grande – o Grande Hermitage, que a czarina também mandou fazer para abrigar uma extensa biblioteca, e o Novo Hermitage, obra de Nicolau I.
Todos os prédios do Hermitage são interligados. Às vezes, nem dá para perceber que passamos de um para o outro. Até porque você provavelmente estará em estado de êxtase, impactado por tantas maravilhas.
As Noites Brancas
Por se tratar de uma cidade muito próxima do pólo norte, os dias podem se tornar extremamente longos nas estações mais quentes. Na semana do solstício de verão (22 de junho), o sol praticamente não se põe, oferecendo à população e seus visitantes um verdadeiro espetáculo da natureza.
Imagine um pôr-do-sol que começa às 22h e termina sem escurecer, de fato, mas já com o sol nascendo de novo? Difícil descrever a beleza dessa vista. E o melhor: o espetáculo visual ainda vem acompanhado de muita festa!
Nesse período os russos exibem seu talento para a celebração. As Noites Brancas, poderiam ser consideradas um festival que agita a programação cultural da cidade, incentivando que todos aproveitem as temperaturas mais amenas, mas elas ultrapassam essa definição. Esse período do ano muda toda a energia da cidade, que fica ainda mais vibrante.
Atrações não faltam: o tradicional Teatro Mariinsky, endereço para fãs de ópera e balé, abriga o festival Stars of The White Nights, com espetáculos todas as noites.
A Nevsky Prospect, rua principal do centro histórico, fica super movimentada, para que à beira do Rio Neva, seja possível assistir a abertura de suas pontes, permitindo assim que as embarcações possam passar com seus visitantes ansiosos pelo espetáculo. É lindo de assistir, seja num barco ou à margem do rio.
E o ponto alto é o Scarlet Sails, maior evento popular do país, que reúne mais de um milhão de pessoas nas margens do rio para ver um desfile de fragatas com suas velas vermelhas, acompanhadas de uma chuva de fogos de artifício.
O verdadeiro strogonoff
Apesar de ter sido absorvido pela cultura brasileira, o strogonoff é uma receita russa, que leva ingredientes um tanto diferentes do que conhecemos por aqui. A curiosidade maior é que o prato foi originado exatamente em São Petersburgo. Vale a pena ir a um restaurante local e apreciar a receita do jeitinho que ela foi criada.
A cidade mais europeia da Rússia
São Petersburgo foi construída para ser uma cidade portuária. Os canais que permeiam a região foram projetados por arquitetos italianos, que seguiram técnicas aplicadas em Veneza e Amsterdam. Não é à toa que, um de seus apelidos seja “Veneza do Norte”.
A antiga capital russa é uma verdadeira relíquia em termos de arte, cultura, gastronomia e, principalmente, história. Tudo numa proporção que só um local com muito poder poderia oferecer.
Viajar por essa cidade é uma experiência como poucas, pois será possível conhecer outras facetas de um passado por vezes turbulento, e entender como os russos reagiram a episódios marcantes na história do mundo. Uma oportunidade e tanto, cercada por uma proporção impressionante de beleza.