Quer conhecer a Itália? Então comece pela região da Toscana que fica na área central do país e reúne nada menos que sete cidades tombadas pela Unesco consideradas Patrimônio Cultural da Humanidade, e ainda possui incontáveis vilarejos medievais charmosos que tornam cada viagem ao destino uma experiência única.
A sensação de poder desvendar cada pedacinho e encontrar surpresas nas esquinas ou experimentar sabores dos pratos típicos torna a aventura ainda mais surpreendente. Sem falar na hospitalidade inconfundível do povo italiano que recebe todos de braços abertos e um largo sorriso no rosto.
A região da Toscana foi povoada por camponeses e essa influência se reflete no jeito expansivo e caloroso de receber, e também na gastronomia. As receitas simples levam ingredientes naturais e frescos cultivados por pequenos produtores locais, e são preparados com a maestria adquirida a gerações, revelando sabores e aromas incríveis.
As colinas nos arredores da Toscana proporcionam um clima ideal para a produção de vinhos. Diversas vinícolas estão instaladas por ali e fazem ótimas safras, como o Chianti, famoso no mundo inteiro. Algumas fazendas promovem a colheita da uva nos meses de setembro e outubro, e é possível se inscrever para participar dos trabalhos. Você terá uma aula sobre as uvas e irá colher alguns cachos para conferir todo o processo de produção. No final que tal almoçar na própria vinícola e degustar um bom vinho?
Assim é a Toscana no geral, mas cada cidade que a compõe tem um charme todo especial. Conheça um pouco mais das que receberam o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, você vai concordar que os prêmios foram merecidos.
Berço do Renascimento durante a Idade Média, a cidade de Firenze ou Florença respira conhecimento. Não é à toa, pois os maiores expoentes da humanidade nas artes plásticas, literatura e ciências tiveram as suas maiores produções realizadas ali. Gênios como Leonardo da Vinci, Michelangelo, Botticelli, Donatello, Dante Alighieri, Maquiavel e Galileu Galilei, deixaram um legado inestimável para a eternidade, motivo mais do que suficiente para passar uma boa temporada em Florença, na Toscana.
Andar por suas ruas estreitas é como visitar um grande museu a céu aberto. Reproduções fiéis de diversas esculturas são encontradas pelas vielas, expostas em praças ou diante de seus casarios antigos e bem preservados no estilo medieval. Um simples passeio despretensioso traz muito conhecimento e atiça a inteligência diante de tantas obras magníficas. Já os museus locais guardam as peças originais.
Para comer bem em Florença existem diversos restaurantes que servem uma culinária excelente, mas também há pequenos estabelecimentos que vendem iguarias saborosas e que dão para saciar o apetite. Nos dois casos, um bom vinho regional para acompanhar é a melhor pedida para se satisfazer muito bem.
Ainda em Firenze, existem diversas propriedades da Família Medici, a mais influente e rica da cidade, que foram tombadas em 2013 pela Unesco, como o Giardino di Boboli, o Giardino di Pratolino e a Vila de Vaglia. Muitas construções são mantidas em excelentes condições e são abertas à visitação. É imperdível ter a oportunidade de entrar nas residências e sentir como vivia uma das famílias mais importantes da Europa Medieval.
O monumento mais famoso da Piazza dei Miracoli, sem dúvida, é a torre inclinada ou Torre de Pisa. Ela é uma edificação belíssima inspirada nas formas gregas com suas formas arredondadas e colunas aparentes. Sua inclinação só aumenta ainda mais o fascínio por esta obra. Todos ficam se perguntando, “Como é possível?”.
Construída em terreno instável, já nos primeiros anos de sua construção ela começou a ficar inclinada. Os esforços de seu construtor foram em vão e o aumento do peso só aprofundou o problema ano a ano. Em 1990 a inclinação chegava a 4,5 metros do seu eixo e foi preciso fechar a Torre di Pisa, que somente foi reaberta em 2001, quando estudiosos conseguiram diminuir e amenizar sua queda. Vale a pena subir seus 296 degraus para ver a cidade lá de cima, porque a vista é um espetáculo à parte.
Ainda na mesma praça encontra-se o Il Duomo di Santa Maria Assunta e o Batistério, ambos seguindo a mesma linha arquitetônica e com interior deslumbrante da Torre di Pisa.
Quando se chega à pequena cidade de San Gimignano, a sensação é de ter entrado em uma cápsula do tempo. As partes externas das construções são rústicas, feitas de pedras e são muito altas, com enormes torres como nos antigos castelos medievais. Antigamente as casas das famílias mais ricas eram muito altas e quanto maiores, mais revelavam o seu poderio. Ainda restam na cidade 13 torres que se destacam no panorama da cidade, mas elas já foram bem mais numerosas, chegando a 72 nos anos de 1300.
As ruas estreitas parecem labirintos, pois são cercadas por altas paredes e criam um clima fascinante. Lembram cenários de filmes épicos que remetem aos antigos feudos da Idade Média. Os estabelecimentos comerciais aproveitam esse estilo e mantêm a magia sem interferir no traçado original da arquitetura.
Além das casas que chamam a atenção, o Duomo, igreja construída nos tempos em que o Império Romano detinha o poder, contém afrescos e esculturas de valores inestimáveis. Também são importantes o Palácio do Povo, sede da prefeitura, e o Museu Cívico com rico acervo exposto permanentemente.
Se todos os caminhos do mundo levam à Roma, em Siena, todas as vielas e ruas estreitas levam à Piazza del Campo, o maior espaço aberto da cidade. Em formato de concha, abriga o Palazzo Pubblico e ao lado, a Torre del Mangia, construção mais alta da praça.
O casario antigo, típico dos séculos XIV e XV está bem preservado e revela o modo arquitetônico da época, com suas paredes altas e construções feitas em pedras.
Ao redor de Siena existem colunas que circundam toda a cidade. O Centro Histórico possui uma muralha de 7 km de extensão, herança dos tempos medievais, pois servia para proteger a cidade dos ataques inimigos. No passado, Siena foi importante polo comercial, rivalizando em pé de igualdade com Florença. Por isso, a necessidade de protegê-la contra invasões de saqueadores.
Hoje, nas redondezas da cidade, existem muitas colinas que oferecem condições perfeitas para a produção de vinhos, outra riqueza de Siena.
Pienza é a cidade natal do humanista Enea Silvio Piccolomini nomeado Papa Pio II. Sob sua influência, a cidade foi uma das primeiras a ter um plano urbano colocado em prática, com uma praça principal (Praça Pio II) e ao redor, os demais edifícios da cidade, como a Catedral, o Palácio Piccolomini, o Palácio do Governo e o Palácio do Bispo.
A rua principal liga as duas entradas da cidade e ao longo dela foram erguidos os suntuosos palácios dos cardeais e outras construções de membros da igreja, que ainda permanecem bem preservados. É um percurso perfeito para admirar o traçado e a arquitetura antiga e ver como, séculos atrás, a preocupação que planejou o plano urbanístico, Bernardo Rosselino, ainda é um exemplo a ser seguido por muitas cidades.
A natureza é a protagonista da Região de Val d’Orcia, com suas colinas verdejantes, variedade de árvores como ciprestes, oliveiras e videiras. Na paisagem é comum se ver ao longe apenas uma casinha, moradia de algum camponês.
A região produz uma série de produtos artesanais que podem ser apreciados ali mesmo, como o queijo pecorino, o mel, o azeite, os embutidos, os cogumelos, as famosas trufas e, claro, vinhos de ótima qualidade.
Segundo alguns, o cenário bucólico da região tem se mantido assim desde os tempos do Renascimento. Passear por suas estradinhas de terra que levam às propriedades e poder experimentar os itens ali produzidos tornam-se uma experiência memorável.
Visitar a região da Toscana é mergulhar na história do mundo, é uma viagem repleta de conhecimento na arquitetura, artes plásticas, astronomia e gastronomia, com uma riqueza que nos traz muito encantamento da compreensão do mundo.